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sábado, 22 de dezembro de 2012

Saudosismo.




Quando falamos em saudosismo, normalmente vem em nossa cabeça uma lembrança gostosa ou algo que nos alegra, pelo menos é a impressão que tenho acerca disso. Mesmo sendo relativamente jovem, me considero um saudosista, gosto de me pegar lembrando de coisas passadas que aconteceram no decorrer da minha vida e de antes também, pois conseguimos ter boas lembranças através de leituras já feitas.

Dia desses conversando com colegas de trabalho, falávamos de músicas que tocam atualmente, e eu como bom ignorante que sou não consegui me lembrar de nada que realmente me atraia nos dias de hoje, e de verdade não consigo gostar de nada desses tempos, não sei se por preconceito ou pela falta de conhecimento mesmo, pois não me permito escutar nada que eu não conheça, puro conservadorismo, sei disso, mas é mais forte que eu, há de se fazer o que?

Durante essa discussão ou melhor, esse nosso bate papo, lembramos de várias bandas e músicos da década de 80 e 90 do século XX, bandas de rock nacional e internacional, músicas engajadas e outras nem tanto mas com um espírito pelo menos ao meu ver crítico sobre nossa sociedade, questões políticas ou até mesmo uma grande sátira como os “Mamonas Assassinas” que confesso que na época eu não gostava, se fosse hoje, juro que teria um outro conceito, perto do que temos hoje esses garotos eram geniais, mas não é deles que quero falar.

Lembramos das bandas Legião Urbana, Capital Inicial, Ultraje a Rigor, Ira, Camisa de Vênus, Titãs, Plebe Rude, Golpe de Estado e tantas outras desse mesmo período e de verdade todas essas bandas tinham uma mensagem ou uma critica do momento. Uns mais politizados outros mais polêmicos, outros mais gozadores ou simplesmente estavam se divertindo fazendo suas músicas, mas faziam música, tinha entretenimento sem a vulgarização e banalização, tinha algo a dizer, mesmo que fossem bobagens temporais, preconceitos imaturos ou um romantismo barato, mas diziam. E por isso tenho saudades, saudades daqueles que fizeram parte da minha adolescência e fizeram com que eu tivesse um senso um pouco mais crítico que carrego até hoje. Sei que é  chato, porém com um gosto menos duvidoso do que essas músicas de hoje possam nos oferecer. .




Era disso que estava falando....Fica a Dica.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

CARIOCAS PARTE ll


Cariocas parte II.


Diferente da primeira parte desta história que falava de uma amizade feita no Nordeste brasileiro, agora vou falar de outra amizade só que conquistada em outra região do Brasil, mas especificamente na região centro-oeste, no Pantanal mato-grossense. Como de costume e quando sobra uma graninha nas férias, eu e a família saímos para dar um giro e descansar um pouco da nossa turbulenta cidade, já passamos por Poços de caldas, Caldas novas, Bertioga e Pantanal. E detalhe, sempre no SESC que além de atender muito bem em relação a entretenimento também atende muito bem em hospedagem. Vale muito a pena conhecer.

Essas viagens são sempre muito prazerosas, pois além de estar com a família desfrutando de novas paisagens, costumes e culinárias diferentes, sempre conhecemos pessoas interessantes que carregamos ao longo de nossas vidas, mesmo que seja pelo menos na lembrança, se bem que hoje em dia com o advento da internet é muito fácil manter contato.

Nesta última viagem que fizemos para o Pantanal logo chegando ao aeroporto de Cuiabá, conhecemos uma galera na van que fazia nosso translado para o hotel, entramos no veiculo e pegamos a estrada sentido a cidade de Poconé, lugar esse onde fica o hotel. Viagem rápida de aproximadamente 2hs e nesse percurso como ainda não conhecíamos ninguém fomos calados só observando a paisagem e fazendo aqueles comentários de praxe de quando chegamos a algum lugar novo, falando do clima, o transito, o tamanho da cidade, enfim, coisas desse gênero que foge da nossa rotina cotidiana.

Durante esse percurso já estabelecemos um primeiro contato com esses novos amigos, eu e meus acompanhantes estávamos sentados no fundo da van e por isso não alcançávamos a água, e como é de se imaginar estava um baita calor, era uma três horas da tarde, imagine o sol, estava muito quente, na estrada dava até para ver a fumaça subindo do asfalto, tamanha a temperatura daquele lugar, enfim, sofríamos com aquela temperatura e o carioca sempre solicito oferecendo água para toda a galera, que gentileza desse cara, nunca tinha nos visto e aquela presteza toda, achei muito simpático por parte dele.

Então, esse sujeito assim como eu estava acompanhado da família, só que ele estava com a esposa e filha e eu além da esposa e filho também tinha o sogro de companhia, aquela coisa de férias familiar, começa tudo bem e no final aquela azia toda, um querendo fuzilar o outro, assim como naqueles filmes Italianos, começa a festa esta tudo bem, no meio aquela briga fenomenal e no fim todos bêbados chorando e se abraçando, a maior novela.

Voltando a nova amizade, os referidos eram cariocas como já foi dito, e ao contrario do que muitos pensam sobre eles acho eu que é puro engano e preconceito, nós Paulistanos assim como alguns cariocas carregam aquele estereótipo bairrista, pura bobagem e despeito de nós paulistanos, pois não temos aquelas paisagens que eles desfrutam todos os dias, se bem que temos muitas aqui em são Paulo também.  Essa galera do Rio de Janeiro é sempre muito simpática e solicita, sem falar no humor, que sempre estão num bom astral, gosto muito desse jeito que eles tocam a vida, muito espirituoso e divertido, e o sotaque nem se fala, é o maior barato, enfim, um pessoal divertido que só quer aproveitar a vida.

Fizemos esse longo e caloroso trajeto e finalmente chegamos ao local desejado, um simpático hotel no meio do mato, mas com uma acomodação espetacular, tinha de tudo que uma família de férias precisa. Tranquilidade, boa acomodação e alguns dias longe do tumulto louco da Cidade de São Paulo, e era isso que estávamos precisando.

Chegamos nos acomodamos e fomos desfrutar do nosso tão desejado descanso e ai que tudo começou, nos trocamos e fomos para a piscina ficar jacaresando e tomando umas cervejas, só que naquele momento já entrando no espírito da viagem e perdendo a timidez, começaram ai as conversas, fomos conhecendo uns aos outros assim como numa festa, primeiro chegamos com uma certa timidez e depois de umas cervejas já conhecemos meio mundo como se fossemos melhores amigos de infância, é sempre assim quando tem uma pingaiada, se bem que nem todo mundo bebe ou é facinho como eu sou, viagem é isso, novas amizades e descontração, se não for assim não vale a pena.


Bom, viajamos descansamos e acima de tudo fizemos uma boa amizade, nos encontrávamos a beira da piscina, no café, no almoço e jantar, como tudo era feito no próprio hotel era inevitável que nos encontrássemos, as mesmas pessoas durante as refeições e divertimento, assim como numa viagem familiar, todos juntos ao mesmo tempo e aquela bagunça toda, muito divertido sem falar nos outros grupos que também estavam hospedadas por lá, uma grande festa.

Como era inevitável, acabamos nos aproximando e conversando sobre tudo um pouco e eu como um bom proseador sempre cheio de conversas e mentiras, acho o maior barato exagerar nos meus comentários, sempre arrumo uma história para valorizar o assunto, só que desta vez acabei arrumando um adversário à altura, falávamos as mais absurdas bobagens um querendo se valorizar mais que o outro e assim por diante, maior barato e o melhor da história que um sabia do outro, falávamos muitas balelas como se fossem a mais pura verdade, da minha parte tinha algumas, claro que com uma pitada de exagero para não perder o costume, e assim fomos tocando, uma bobagem atrás da outra até o término da viagem.

Lembro que em uma de nossas conversas, eu estava falando de uma viagem que eu tinha feito para o Norte do Brasil, teve uma época que trabalhava fazendo pesquisas, e num desses trabalhos acabei passando pelo estado de Roraima, na cidade de Rio Branco, longe pra caramba, demorei horas de vôo para chegar, sem falar nas escalas que tive de fazer, primeiro Brasília, depois Manaus e por fim Rio Branco, Roraima, demorei umas oito horas para chegar, enfim, essa informação é irrelevante perto do episodio que passei por lá, era disso que eu estava falando para o carioca e ele na maior atenção até que eu falei de um sujeito que eu havia conhecido, pensei que fosse abafar contando a história e o carioca lá, nem Tchan para minha história, belo sacana esse cara, contei tudo com a maior empolgação e ele achando tudo muito normal, fiquei ferrado com o comportamento dele perante meu causo, enfim, qual era a história?

Nessa viagem que fiz a trabalho passei quatro dias na cidade de Rio Branco, e como meu trampo era itinerante fixava base numa cidade e fazia o trabalho, por isso ficava hospedado em um único hotel para facilitar minha logística e como sou muito curioso e tinha tempo ocioso boa parte do dia, ficava curiando as coisas do hotel, não tinha muita coisa a fazer mesmo, fazia meu trabalho na parte da manhã e passava o resto do dia perambulando na cidade ou ficava no hotel mesmo, sozinho era o que dava para fazer, ainda mais naquela cidade, tudo bem era o que tinha para o momento.

 Como eu tomava café, almoçava e jantava no hotel fui vendo algumas coisas curiosas que aconteciam por lá. E olha que diferente, no restaurante do hotel tinha um garçom que trabalhava os três períodos, passava o dia inteiro no hotel, quando não era hora das refeições estava fazendo outros serviços que demandavam, era uma espécie de faz tudo, muito eficiente o rapaz, fazia de tudo um pouco e sempre era prestativo com as minhas solicitações mesmo com todas as dificuldades na comunicação, pois o mesmo era surdo mudo e ai a comunicação de fato ficava muito difícil, era uma dureza falar e entender, mas eu me esforçava assim como ele, acabou ficando muito divertido a comunicação.

Passei os três primeiros dias me comunicando do jeito que dava e achava tudo aquilo muito engraçado, via o garçom tentando falar com todo mundo no hotel, ele passava de mesa em mesa e todo mundo tirando a maior onda junto com ele, como o hotel era quase uma residência pra muitos dos seus hospedes, muitos dos que ali estavam hospedados já eram quase amigos, tinha um time de futebol que morava lá, um Juiz e uma advogada de Manaus, era como se fosse uma grande pensão, todos morando debaixo do mesmo teto só que nesse caso era um hotel e foi ai que comecei a entender uma curiosidade.

Olha que engraçado, observei aquele garçom durante esses dias, surdo mudo, índio e um jeito meio afeminado, o rapaz era homossexual, ai fiquei pensando, só eu mesmo para ver tamanha diversidade em uma única pessoa, que cara divertido, era o maior barato, todos brincavam e respeitavam muito ele e assim foi achei engraçada a situação, como já estava quase na hora de ir embora acabei me aproximando dos outros hospedes o tal Juiz e a advogada, combinamos de ir jantar juntos fora do hotel e tomar umas cervejas e ai vem a maior curiosidade, quando estávamos conversando no restaurante os dois me confidenciara que o rapaz além de surdo mudo, índio, homossexual ele também era fofoqueiro, fazia a maior intriga entre os hospedes do hotel, achei isso o Maximo, como alguém surdo mudo pode ser fofoqueiro, fiquei me questionando e vi sim que isso era possível, ai entendi aquela farra toda que todos faziam quando ele passava pelas mesas, todos entendiam menos eu que estava fora daquele contexto, nunca vi nada tão louco e olha que tenho amigos bizarros, mas não nesse escalão, quando conto ninguém acredita, mas é a mais pura verdade.

Pronto contei para o carioca, na maior empolgação e o mesmo nem se abalou. Disse que era possível sim ter um surdo mudo fofoqueiro, começou a imitar o rapaz mesmo nunca tendo visto ele, e o pior da história  é que ficou igualzinho o rapaz quando  estava passando pelas mesas, parecia ate que ele havia presenciado a cena,  fiquei frustrado e ao mesmo tempo dei muita risada. Como esse carioca é sacana e espirituoso, terminei minha história e ai veio à vez dele.

Como ele não queria ficar na desvantagem também veio com algumas histórias absurdas, na verdade ele contou varias, ficamos horas a beira da piscina contando absurdos um ao outro e família é claro concordando com tudo que estávamos falando, como se fosse uma espécie de festival de mentiras cada um com a sua torcida e ai ele começou.

Lá vem a história, o carioca começou falando de quando ele era Office boy no Rio de Janeiro, ele num determinado momento teve de ir levar uma correspondência num prédio no centro do Rio, disse que era um daqueles prédios antigos que tem aqueles elevadores com a porta sanfonada, aqueles bem sinistros sabe? Que dão aquele tranco logo que começam a subir ou descer e que nos deixa de cabelo em pé, esses elevadores realmente são tenebrosos, ainda hoje existem uns desses aqui em São Paulo, são poucos mas ainda tem, enfim, foi contando essa passagem e ai que vem o espantoso. Nesse elevador que ele estava descendo tinha um senhor vestido de terno branco e chapéu Panamá, quando ele viu esse senhor ele achava que o conhecia e perguntou o nome dele e para seu espanto o senhor respondeu.

Soy Carlos Gardel.

 O carioca quase se borrou, desceram do elevador e lógico que Carlos desceu primeiro e quando ele saiu do elevador o tal músico misterioso já havia sumido, foi embora morrendo de medo e quando chegou em casa contou para a avó,  que lhe dissera que Carlos Gardel já havia morrido a muito tempo e assim foi, nunca soube desvendar essa história. E veio a minha vez, o chamei de mentiroso e continuamos nossa prosa, um querendo contar uma história melhor que a outra, e o carioca tentando me convencer “Meu Irmão sai correndo, quase morri de medo” que história fantástica, morremos de rir e assim foi nossa prosa, cheia de absurdos memoráveis e divertidas risadas assim como os bons amigos devem ser. Viva a amizade, os Índios e Carlos Gardel.

domingo, 25 de novembro de 2012

Sessão Provocações Parte II


Cultura pra que?


Cultura ou o seu conceito não é tarefa fácil de se discutir, porém vou me atrever a esboçar um pouco sobre minha modesta opinião acerca deste assunto. Pode até parecer pretensioso tal abordagem, só que isso a meu ver, precisa e deve ser discutido, mesmo por pessoas leigas como eu.

E  porque desse assunto tão complicado?

Há dias venho pensando nesse tema, fala-se tanto em respeito das diversidades, da tolerância seja ela sexual, religiosa, partidária, enfim, o respeito que devemos a qualquer tipo de diferença ou opinião, só que isso parece-me demagogia, quando não concordamos com certas opiniões e não queremos nos expor acabamos omitindo nosso pensamento, como se isso fosse correto. Não o é,  claro, podemos e devemos emitir o que pensamos, só que de maneira respeitosa, sem que o oponente se melindre. Então o que é cultura?

Para alguns cultura é:

“Cultura significa cultivar, e vem do latim colere. Genericamente a cultura é todo aquele complexo que inclui o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo homem não somente em família, como também por fazer parte de uma sociedade como membro dela que é”.

Pois bem, baseando-se nos costumes e hábitos, porque é tão difícil respeitarmos costumes que não nos pertence? Cadê a tolerância? O respeito às diversidades? E por fim, cadê a nossa cultura que sempre a julgamos como melhor ou superior que as dos outros?

Pra que cultura se não a respeitamos?


Fica a Dica.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Todo dia é dia de Criança.


Nunca dei muita importância a determinadas datas, Natal, Carnaval, Dia dos Namorados, Dia das Crianças, Páscoa, mesmo essa ultima sendo parte do meu aniversário, pois nasci  num domingo desses e sorte a minha, minha mãe não ter a péssima ideia de me batizar como Pascoal, Pascoalino ou qualquer outro nome do gênero.
Pois bem, nós pobres mortais não devemos ficar dizendo por aí que não gostamos de certas coisas, como por exemplo, estas datas comemorativas que, bem verdade na maioria das vezes é puro mercantilismo, serve somente para se capitalizar em cima de nossas carências e conforto espiritual.
É claro que tive de rever alguns conceitos sobre tais comemorações, quando se tem uma namorada que gosta muito esse ideal todo vai por água abaixo, esquece tudo aquilo que se idealizava para agradar a pessoa amada e o que você defendia veementemente deixa de valer, e o que vale mesmo é o que se faz pra agradar. Pensava eu: Essas datas são um porre, fingia ser o modernão não dando essas importâncias, puro engano.
Vi que realmente era um engano quando me tornei Pai, aí sim todo aquele discurso deixa de valer, pois o sujeito deixa o discernimento de lado e vira o maior babão, esquecendo  todas aquelas balelas do não consumismo, quando se tem uma criança em casa todo esse idealismo e discurso não valem mais nada e como já foi dito, o que vale mesmo é agradar a quem se ama, e isso não tem preço, ainda mais quando se trata do seu filho, e que seja assim então, viva todas essas datas e que elas sirvam não só para se capitalizar mas acima de tudo unir e aproximar as pessoas que se amam com uma grande confraternização. Viva o Dia dos Namorados, a Pascoa e o Dia das Crianças que na verdade deve ser comemorado todos os dias de nossas vidas. Fica a dica.
 

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

MAL MAIOR



Escrevendo estas poucas linhas sobre os tais pecados capitais, me peguei refletindo se havia uma hierarquia entre eles ou se um era subterfúgio de outro. Há quem diga que não faz a menor diferença, pecado é pecado. Mas olhando um pouco sob a ótica da soberba de sua existência e resultado nefasto que proporciona,  consegui chegar a uma conclusão: o pior de todos é a VAIDADE.

A VAIDADE num coração leviano:

É prima irmã da INVEJA, evoca um sentimento de importância e superioridade sob os demais seres viventes ou não, se colocando extratosfericamente acima e sobre tudo.

Potencializa a GULA, com sua fome e sede insaciáveis de se sentir a melhor e mais gostosa.

Faz a AVAREZA parecer generosa perto do seu egocentrismo.
 
Da LUXURIA tira seu instinto mais primitivo, o da necessidade carnal para brincar de deleites minimamentes pensados, posados e esteticamente viáveis.

Por não lhe servir de nada, tripudia da PREGUIÇA, como se esta fosse um parente que não foi convidado pra festa.

Mas quanto a IRA, bom essa ela dá tamanho e intensidade infinitos, o que é muito perigoso.

Para finalizar, me parece então que a VAIDADE vive a cutucar os demais pecados com vara curta por que lhe é necessário, pela sua natureza mesquinha ela precisa dos demais para se legitimar já que, isoladamente ela sempre age por motivo torpe.

por Andrea Martinez Della Monica
 

 

 

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Respeitável público




Eu e minhas histórias cabulosas, dia desses querendo convencer alguns moleques prestar atenção na aula, tive de chamar a atenção de alguns, tentei de tudo para convencê-los, o tema da aula não estava tão atrativo, falávamos do Japão características físicas e econômicas, isso pra um adolescente de quatorze anos realmente é difícil.

Fiz leitura de texto com eles, falamos sobre a extensão territorial equivalente ao nosso Estado do Mato Grosso, ser uma região cercada de vulcões e por ai foi, nada de interesse, fazer o que? Uma segunda feira à tarde com quase 30º de calor, fui tocando a aula.

Não lembro exatamente como, mas surgiu na classe uma de minhas histórias que conto pra eles desde 2009, alguém no fundo da sala mencionou circo, isso mesmo, aqueles que trabalham palhaços e malabaristas, de repente o negocio ficou interessante, perguntaram pra mim se eu já havia trabalhado em circo. Não tive duvidas e fui logo respondendo.

Claro que trabalhei, tinha oito anos de idade.

Perguntaram.

Como começou a trabalhar no circo, foi de palhaço?

Respondi

Não, na verdade fui para ser malabarista, a trupe estava voltando de Curitiba vindo pela Raposo Tavares e passaram pela avenida  Rebouças com a Brasil, local onde comecei minhas peripécias malabaristas, viram eu no semáforo trabalhando e me convidaram para acompanha-los. Embarquei nessa, não tinha nada melhor mesmo.

Fiquei valorizando a conversa, vieram varias perguntas. Porque não tinha trabalhado de palhaço ao invés de malabarista, quanto tempo eu fiquei no circo e por ai afora, fui respondendo todas sem titubear, maior veracidade impossível, quase emocionei os meninos falando da minha demissão, que por sinal foi muito triste.

Contei pra eles que fui demitido no meu segundo dia de trabalho, de inicio para eu me familiarizar com o trabalho e público me colocaram para vender pipocas e maçã do amor, e como é  de se esperar isso não deu muito certo, comi quase tudo e passei muito mal por conta da pipoca encharcada de óleo e o açúcar da maçã do amor, minha carreira circense foi um fiasco.


Acabei a história absurda como sempre, demos algumas gargalhadas e voltamos a nossa realidade, para conseguir dar aula, eu às vezes tenho de falar um pouquinho de minhas fabulas, o pior disso tudo é que até eu estou começando a acreditar....só sei que foi assim.

SESSÃO PROVOCAÇÕES.





"Para que a essência se muitos agem só pela influência?"



sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O Estorvo.


É muito engraçado como subestimamos o outro, ainda mais quando o outro é uma criança, muita gente ignora por completo o que eles têm a dizer, o que pensam o que estão fazendo e o pior de tudo, que é achar que eles nunca tem razão.


Tenho visto isso com muita frequência no meu dia-dia, e confesso não ser muito diferente quando se trata de determinados assuntos, nós adultos acabamos sendo arrogantes e não ouvindo o que as crianças podem nos dizer, ou até mesmo nos ensinar. Que ignorância a nossa!


Hoje mesmo fui surpreendido por uma aluna do sexto ano, estava aplicando prova, e ao termino da atividade ela me perguntou se poderia ler um livro, e é claro que respondi de pronto.


Claro querida, que livro é esse?


Ela na maior humildade respondeu.


O Estorvo, do Chico Buarque.


Fiquei boquiaberto, imaginando o que faria uma menina de onze anos se interessar por tal literatura.  Ai perguntei imediatamente.


Porque esse livro e não outro?


Ela respondeu...


Vejo algumas frases dele na internet e me interessei pelo autor.


De novo, não sabia o que dizer, só sei que adorei ter visto isso, e vi também o quanto somos surpreendidos nas mais variadas horas, na escola, em casa, com as perguntas que meu filho faz e não sei responder, na rua escutando alguns questionamentos, enfim, o que achamos um estorvo certas horas, na verdade é uma lição de como devemos respeitar e nunca subestimar o que uma criança pode fazer. Fica a dica...

domingo, 29 de julho de 2012

Quem é de Quem?


É muito engraçado como nos tornamos escravos e dependentes da tecnologia, em tudo ou quase tudo que fazemos dependemos desses recursos tecnológicos. Seja ele um computador, uma TV, um rádio ou o bendito telefone celular, esse último nem se fala, virou um acessório quase que obrigatório para todos, homens, mulheres, crianças, enfim, todos sem exceção.

Dias desses, indo para o trabalho de Metrô comecei a reparar no meu entorno o que estava acontecendo, não que fosse da minha conta a conversa alheia, mas foi inevitável, pois estava conversando com minha esposa e não conseguia escutar o que ela me falava, tamanha a conversação que estava acontecendo no vagão e, o pior não é isso, não estavam conversando com alguém que estivesse ali do lado e sim no telefone celular, tinha naquele momento cinco pessoas falando ao mesmo tempo em menos de dois metros quadrados, uma baita confusão, maior zum, zum zum....

Foi aí que desisti da minha conversa, fiquei quieto bisbilhotando os assuntos já que o meu eu não conseguia concluir, tinha vários temas, um jovem discutindo com o consórcio o que ele poderia pegar com sua carta de crédito, uma moça falando de uma briga conjugal de uma amiga e outro rapaz falando de um affair que ele conquistara no serviço,  por fim os outros dois camaradas que escutei meio por cima, sem conseguir descobrir maiores detalhes, esses eu fiquei curioso, pareciam estar confidenciando segredos, que me aguçou ainda mais minha curiosidade que logo terminaria pois parte desses que conversavam tiveram de desembarcar na Estação Sé do metrô levando consigo aqueles assuntos que eu presenciara.

Quando tive de descer na estação Anhangabaú me peguei a pensar como eu era bisbilhoteiro, o que eu tinha a ver com toda aquela conversa se eu não tinha sido chamado, fiquei pensando também no affair do rapaz no serviço, se ela era bonita ou não e coisas assim. Subi as escadas rolantes e quando chequei ao vale do Anhangabaú passei a pensar em outras coisas, voltei à vida normal sem tentar imaginar a vida alheia  e seguir meu caminho voltando à realidade e sem criar novas fantasias que a cidade nos proporciona.


Por fim pensei, trabalhamos  e consumimos sem pensar em tudo que a nossa grana permite. Só que naquele momento meu maior sonho de consumo era não depender tanto dessa tecnologia, pois depois desse advento nossas vidas se tornam  cada dia mais pública, tirando nossa privacidade e particularidade. É esse o preço que pagamos.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

PARA LORCA COM AMOR...


Escrevo
Porque é íntimo
É necessário
Porque é processo
E é contínuo

Porque escrevendo meu demônio pessoal parece menor
Tiram-me vísceras quase sem dor
Com isso minha catarse é leve
E por isso mesmo é bonito, poético e aliviador

Escrevo porque é o que me resta
Nesta existência, um grito, um canto
Uma moeda mal trocada
Uma farsa ou, no fim das contas
Uma esperança mal lograda

Escrevo porque não tenho coragem de ser navalha
Mas tenho a necessidade de sangrar de vez em quando

Escrevendo
os dias passam quase sem querer

Com isso não se percebe vergonha
Inexperiência, azar ou complacência
E este simples ato me sugere uma alforria

Escrevo porque é sublime e ao mesmo tempo cruel
Porque me desnuda e me entrega aos meus maiores inquisidores

Escrevendo a liberdade me toma
Me atravessa e me redime
Olha o que interessa e, o que é de mais
Deixo pra minha alma de artista dar um final feliz

Porque um bolero de Ravel é brilhante
Um salto no picadeiro é espetacular
Um conto bem contado é pra toda vida
E porque só me resta necessariamente...escrever


por Andrea Martinez Della Monica

terça-feira, 24 de julho de 2012

Mexeriqueira


Essa história não me pertencia, mas de tanto eu gostar dela parece que foi comigo que aconteceu. Eu durante alguns anos da minha vida, como já é sabido por alguns, trabalhei de free-lancer como pesquisador peregrinando por inúmeros institutos de pesquisa, essa vida não é nada fácil, mas tem suas vantagens quando ainda se é jovem, e esse era o meu caso na época, jovem, estudante e nada de responsabilidade na cachola, só cerveja faculdade e gandaia.

Pois bem, uma vida desregrada que não sugestiono a ninguém, se bem que me diverti muito nesse período e fiz também grandes amizades. Uma dessas amizades foi com o camarada João Álvaro, grande sujeito, bom amigo e ótimo guitarrista nas horas vagas, quase uma enciclopédia ambulante e cheio de polemicas e críticas um cara adorável e apaixonante, figuraça.

Certo dia quando estávamos tomando uns rabos de galo “Coq tail”, no qual ele chamava carinhosamente, passou um vendedor de frutas puxando seu carrinho repleto de mexericas e outras frutas mais. E como é de se esperar a conversa andava por caminhos sinuosos e tortos. Assim como nós saímos do bar seguindo a Avenida Vieira de Carvalho rumo a Praça da República. Torto, torto, torto, tomamos varias pra variar.

Nesse percurso que na verdade nem era muito longo ele foi contando uma história por conta do carrinho de frutas, lembrou naquele momento de uma linda mulher que ele havia visto num ônibus quando ele voltava para casa depois de um dia de trampo e uma rápida parada para a cachaça, imagina o estado do cara, daquele jeito, chapadão e pelo que ele me contou já se aproximava da meia noite, dia de semana, busão nessa hora nem era tão cheio, coisa e tal. O ônibus era o Parque Bristol rumo ao Cambuci, bairro que ele reside.

Voltando a história da linda mulher. Como já foi dito era tarde da noite e ele havia pegado o ônibus no ponto final, por isso teve a oportunidade de escolher o seu assento, e o loucão escolheu justamente aquele banco do fundo que fica de frente  ao corredor, segundo ele desse lugar você tem uma visão panorâmica do coletivo, olha só que loucura, gostava de viajar sentado ali vendo tudo no ônibus. Cada uma né!

O busão partiu rumo ao Cambuci e ele La sentado, quando o ônibus parou no ponto da República subiu a tal mulher, linda e vestida de vermelho com uma sacola na mão, os marmanjos do coletivo ficaram loucos tamanha a beleza daquela jovem mulher de vermelho e o João não foi diferente é claro, ainda, mas depois de umas na cabeça, muita fantasia para nós admiradores da beleza feminina, ficou cheio de idéias, e como se aquilo não bastasse, aquela beleza noturna e sozinha no Parque Bristol tirou da sacola mexericas e começou a descascar, aquele cheiro da mexerica segundo ele era um perfume afrodisíaco e estonteante, espalhando-se pelo ônibus inteiro como se fosse um chamado para a luxuria na noite paulistana, puta viagem desse cara, achei o maior barato, enfim, coisa de bêbado, só caras assim para ter essas idéias.

Adorei essa história, e sempre que sinto o perfume de mexerica me vem essa tal mulher na cabeça, maior viagem, me vejo naquele busão e o cheiro exalando por todos os lados como se eu estivesse naquela viagem e que viagem, só os loucos mesmo para ter tal imaginação.

Bom como já falei essa história não me pertencia, mas agora pertence e como sou um tonto acabei contando para a Andréinha, que por sua vez ficou enciumada com a imaginaria dama de vermelho, e adivinhem se puder. Sempre é a maior briga no período dessa fruta aqui em casa, já faz muito tempo que não compramos mexericas por aqui. E agora me responda. Quem é mais louco aqui em casa, eu com essa alucinação com essa tal dama de vermelho que eu nunca vi, ou a Andréinha enciumada de uma imaginação etílica. É isso, somos todos loucos.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Preterido


Fiquei pensando em como começar a escrever essa crônica e me deparei com inúmeras dúvidas. Queria fazer uma abordagem que não afastassem os outros da leitura, pois fragilidades, medos, hemorroidas e dinheiro não se devem falar para os outros que você tem, se isso acontece começam a tripudiar encima de ti. Fragilidade e medo pode demonstrar insegurança, hemorroidas seus amigos vão sempre tirar uma com a sua cara lembrando esse agradável problema e dinheiro sempre vai ter um inconveniente te pedindo.

Tudo bem, não era dessas particularidades que eu queria estar falando, na verdade era sobre um filme que assisti e a impressão que carreguei sobre ele quando terminou. O filme como todos que me conhecem devem saber. É do Woody Allen o “Crimes e Pecados”, “que é uma fabula contada com maestria sobre a complexidade das escolhas humanas e os microcosmos moral que elas representam. Exibindo a brilhante percepção de Allen da ligação entre o engraçado e o fatal”, e foi ai que pegou o filme.

Esse drama contado pelo autor e diretor Allen conseguiu como sempre me sensibilizar muito, não sei se porque estava num dia não muito bom, carente ou qualquer outro tipo de adjetivo que se enquadre com o que falei. Carente, frágil ou como diria alguns amigos meus. Viadagem mesmo. Enfim, estava meio assim, assim...

Assisti ao filme e num determinado momento me vi na personagem, uma sensação de preterimento, esquecido ou deixado de lado em favorecimento de outro ou algo, em vários momentos já me senti assim, o preterido, muito ruim isso, e foi  o que vi nesse drama, pelo menos foi a impressão que tive naquele momento, tentei entrar no contexto e entender o que estava acontecendo para justificar tal sensação, e obvio não consegui, mas fazer o que, os filmes e as músicas conseguem fazer isso com a gente, ou elevam seu espírito ou empurram as mais profundas valas existentes da terra, arte é isso. Essa é a função dela.

Bom, voltando as fragilidades, medos, hemorroidas e dinheiro, tudo isso de verdade não me incomoda nem um pouco, pois nem tudo eu tenho e é claro que estou me referindo ao dinheiro, o resto vamos levando e administrando como a vida permite, com ou sem grana, com ou sem medo ou simplesmente com muita ou pouca fragilidade, penso eu que essas características não devem ser escondidas, sejam elas quais forem, pois só demonstrando isso é que verdadeiramente mostramos quem somos. Não é vergonha ser humilde ou ser frágil, isso sim é ser um humano. É Isso.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Eu ainda acredito nos homens.


Nunca é tarde para nós homens nos surpreendermos com as atitudes dos outros, se bem que eu sempre acreditei no que o outro poderia fazer de bom. Essa semana mesmo estava assistindo a um telejornal matinal e me deparei com uma notícia não muito comum, tratava-se de um casal de mendigos que havia encontrado na Radial Leste aproximadamente 20 mil reais enquanto coletavam material reciclável para conseguir uma melhor sobrevivência.

Essa quantia mencionada como é sabido, levaria de longe meses ou até anos para esse casal conseguir levantar trabalhando, pois materiais recicláveis não são tão lucrativos assim, portanto não conseguiriam esse valor com tamanha facilidade como encontraram esse dinheiro. E aí vêm mil coisas em nossas cabeças. Porque esse casal devolveu esse dinheiro? Pensamos.

Parece muito simples, e de fato é. Mesmo com toda a dificuldade que o casal passa, ambos, tanto o homem como a mulher só queriam ter a consciência tranqüila, não queriam se apropriar daquilo que não os pertencia. Atitude que aliás é de muita dignidade e motivo de grande orgulho para a família, o rapaz por exemplo citou sua formação familiar dizendo que sua mãe havia educado ele daquela forma, orientando no seguinte, “se aquilo não te pertence então que você não pegue” e foi assim que ele agiu. Se contentando com a possibilidade da mãe dele ver pela TV a grande e nobre atitude que ele teve mesmo com todas as dificuldades que o casal passa aqui na cidade de São Paulo.

Engraçado isso? Vemos diariamente notícias sobre as mais diversas atrocidades. Brigas de  trânsito intermináveis, violência tanto doméstica como outra qualquer,  corrupção e assim por diante. Noticias que cada vez mais faz com que nós homens e mulheres fiquemos desacreditados nos  outros. Muita gente  acredita que neste mundo boa parte das pessoas são capazes de coisas horríveis  para se sobressair, levar vantagem e coisas do gênero e por aí vai. Puro engano o nosso, vide a nobreza deste casal, que mesmo com todos os problemas não foram encorajados pela necessidade  de se apropriar de coisas alheias, não acharam justo, isso foi o que disseram e eu acredito, haja vista o comportamento deles.

Pois bem, muitos desacreditados, desprezados e discriminados fazem parte do nosso cotidiano e muitos desses passam despercebidos nos olhares daqueles que só enxergam o que lhe convém. Mas o que convém? O que convém é a honestidade o respeito e o orgulho que esse rapaz tanto quer que sua mãe tenha por ele. E com certeza o terá, não só o dela e sim de todos aqueles que ficaram sabendo dessa linda, honesta e exemplar história. Parabéns a esse casal, vocês realmente devem ser um orgulho para a família, não só da família e sim de todos aqueles que forem do bem. Ainda é possível acreditar nos homens e vocês mostraram isso e que isso sim nos sirva de exemplo. Fica a dica.

domingo, 8 de julho de 2012

A mais ecumênica e cosmopolita que conheço.




Em São Paulo especificamente falando no bairro de Ermelino Matarazzo, todo ano tem uma festa denominada de Festa das Nações. Evento este que acolhe várias barracas de inúmeras  nacionalidades, trazendo a tona um pouco da diversidade espalhada pelos continentes afora. Tem comida de várias partes do mundo e, como sou um grande apreciador da culinária não dispenso visitas à estas saborosas barracas.

 Tem comida mexicana, americana, espanhola, portuguesa, japonesa, grega, libanesa, chilena e por aí vai. Inúmeros sabores e fragrâncias diferentes. Um paladar, uma vestimenta, uma dança, uma música para cada uma destas regiões. Enfim, tradições, sabores e costumes que não nos pertencia, mas agora democratizado por conta desta grande, calorosa e acolhedora festa.

Toda essa variedade é claro não devemos atribuir somente à festa das nações, pois a mesma só está na 21º edição e muito antes disso, muitas das pessoas já trouxeram consigo esses saborosos e deliciosos costumes. Só São Paulo mesmo para abrigar com tamanha generosidade todo esse povo.

Voltando ao tema principal, como já foi dito, várias culturas, e quando falamos nisso não podemos deixar de fora a religiosidade que está inserida em quase todas as famílias que freqüentam esse evento. E como é uma comemoração no bairro, claro que tem famílias de religiões diferentes e nem por isso a comunidade deixa de participar, pelo menos é a impressão que tenho. Um belo encontro de crianças, jovens, adultos e idosos, famílias, grupos de amigos todos confraternizando, felizes e contentes saboreando, degustando os mais diversos pratos, ouvindo boa música e assim por diante. Uma celebração ecumênica e cosmopolita mesmo tendo uma missa católica  conduzida por uma grande figura da região. O Padre Ticão, que bela festa, Ermelino Matarazzo e São Paulo estão de parabéns pela condução do evento e o respeito prestado a todos sem distinção de nacionalidade e sem bairrismo, assim como qualquer parte do mundo deveria ser, sem preconceitos e atendendo a todos como uma grande irmandade. Viva a mais ecumênica e cosmopolita que conheço. Viva a diversidade.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Allen e o Velho Mundo.


Já faz um tempo que virei fã do cineasta, dramaturgo e escritor Woody Allen, já assisti vários filmes dele e até me arrisquei colecionar alguns. De toda a filmografia  consegui  28 filmes de um total  de 50 aproximadamente, enfim, isso é irrelevante pensando em toda obra executada genialmente por ele. Boa parte de  todos esses filmes existe uma característica em comum, muitos deles foram rodados em Manhattan, que por sinal é titulo de um dos seus filmes e uma ótima locação, muito bonita e charmosa, pelo menos é o que acho dessa parte dos Estados Unidos, lugar esse que eu conheço  só através dos filmes é claro, pois eu nunca sequer sai do país para ter uma referência, tudo bem, os filmes e livros nos possibilitam essas viagens.

Bom, de uns tempos para cá o autor passou a rodar seus filmes fora do circuito americano, não sei por que, se por conta das locações serem mais baratas ou se era para mudar a fotografia de seus filmes, enfim, o que importa é que só mudou mesmo o local, a genialidade ele levou junto para o outro continente.

Assisti esses filmes a principio com receio, imaginava como poderia ser um filme dele fora de Manhattan ou ele  sem falar mau da Califórnia, coisa que aliás é muito engraçado em seus filmes, acho o maior barato ele esculhambando essa região.

Voltando a questão Européia, assisti aos filmes O SONHO DE CASSANDRA, MATCH POINT ambos  rodado em Londres, VICK CRISTINA BARCELONA, obviamente rodado em Barcelona,  Espanha, MEIA NOITE EM PARIS rodado na França e por fim O AMOR ESTA EM ROMA na Itália. Todos esses filmes claro que gostei, aprendi e conheci lugares e culturas diferentes, e sempre contada com um belo drama ou uma engraçada comédia romântica, coisa que aliás é especialista em fazer, em seus filmes fico sempre apreensivo para ver qual a referência que vai utilizar, e para minha alegria sempre sou surpreendido, é muita informação para mim, sempre que vejo algum filme desse autor me sinto melhor, aprendo mais, é assim que me sinto.

Comecei a pensar assim, me sentir melhor depois que assisti a um programa do Antonio Abujamra, na ocasião ele entrevistava um sujeito, não lembro quem era o cara, só lembro do seguinte. Abujamra perguntou para o entrevistado porque ele havia ido a Cuba se ele não era comunista.

Ai o entrevistado respondeu.

É  que meus amigos inteligentes iam a Cuba e eu queria me sentir inteligente também. Acabou a entrevista ai, sorriram e  Abujamra diz para o entrevistado.

Da Ca um abraço que é a única coisa falsa desse programa.

È isso, me sinto mais inteligente em ver filmes do Woody Allen, acho que sempre vale a pena, me sinto bem e com um pouquinho mais de cultura. Fica a dica.

terça-feira, 3 de julho de 2012

ARTE EM MADEIRA.


                                                     Foto: Edmilson Sanches"Madureira"


Arte  em madeira.

Como de costume acordo cedo todos os dias, e como não tem nada para fazer já ligo o computador para bisbilhotar na internet  as redes de relacionamento, normalmente não vejo nada de importante, só aquelas coisas de sempre. Frases feitas de algum escritor, fotografias tiradas de alguma parte do mundo e sem a legenda, aí nem sabemos do que se trata, piadas de mau gosto e assim vai, só que hoje em especial vi uma fotografia que me chamou muito a atenção, essa sim tinha sua legenda e uma visão realmente artística, aliás como tudo que esse meu amigo posta, sempre tem um porquê e, de muito bom gosto diga-se de passagem.

Pois bem, essa fotografia era dos lençóis maranhenses, e tinha alguns galhos apodrecidos com o tempo,  aquilo junto da areia branca dos lençóis é quase uma poesia de tão bonito que fica, quem teve a oportunidade de conhecer lugares assim sabe do que estou falando, enfim, muito bonito e poético, não é a toa que escritores nordestinos conseguem retratar tão bem sua terra natal, com toda essa inspiração não poderia ser diferente.

Vendo aquela postagem me veio de imediato na cabeça um artista plástico chamado Frans Krajcberg, conheci esse nobre artista assistindo a um filme produzido pelo  Walter Salles, chamado Socorro Nobre, curta metragem lindo, fala da história de uma presidiária que conheceu esse artista através de uma revista que havia lido quando ainda estava presa, muito bonita a história, vale muito a pena conferir.

E o que uma coisa tem a ver com a outra, meu amigo Madureira, “Edmilsom” postou essa referida foto que se parece muito com o trabalho desse artista plástico Frans Krajcberg, ambos conseguiram ver arte em um simples pedaço de madeira abandonado na praia, as vezes passamos por lugares como esses e não damos conta que aquilo dependendo do nosso espírito pode nos inspirar e fazer com que enxerguemos um mundo mais bonito e simpático, basta querermos para enxergar um mundo melhor e  mais bonito. Vamos mudar o nosso olhar. Fica a dica.


domingo, 24 de junho de 2012

A difícil tarefa de ler...


Sempre tive vontade de manifestar minhas opiniões aos outros, só que não via como isso poderia ser possível, minha referencia bibliográfica não permitia e na verdade ainda não permite tal pretensão, mesmo assim resolvi encarar. Diariamente fico atento a tudo ao meu redor, na verdade fico pescando, buscando assunto para poder compartilhar e discutir certos acontecimentos, e é claro sempre aparece alguma coisa, às vezes relevantes e outras nem tanto. Pois bem, achei algo muito relevante para o momento. Lembrei-me da falta de interesse contida em alguns sobre a difícil tarefa da leitura. Ai me surgiu à idéia. Sei que não é nada original, mas é um ponto de vista.

Como pode as pessoas ter interesse em leitura se o mesmo não é estimulado? Aqui no meu bairro, por exemplo,  sequer tem uma livraria ou banca de jornal que atenda a essa demanda.
Biblioteca é outra falha. Temos uma em local duvidoso, isso porque a placa indicativa não é nada visível e parece um puxadinho,  acho que foi pra lá como  um improviso e acabou permanecendo por lá mesmo, sem boa iluminação, sem o mínimo de conforto necessário para uma boa leitura e mal organizado. Muitos passam por lá e não se dão conta que ali se trata de uma biblioteca. Ai vem o questionamento. Estamos “prestes a recepcionar um evento mundial”.”A COPA DO MUNDO 2014”, e ainda assim estamos carentes e necessitados de cultura, educação, moradia, saúde pública entre outros serviços de ordem pública e também privada. E por onde começar? Já que não tem escapatória ficam ai as dicas.
Precisamos urgentemente de atender e ser atendidos, no mínimo necessário. Cultura, educação, moradia e  saúde são requisitos básicos para nossa sobrevivência, sem esses instrumentos não conseguimos dar conta de nossos anseios e demandas locais. E para que isso aconteça se faz necessário sermos atendidos e acolhidos sem restrições  e com muitos investimentos.

Uma cidade como a de São Paulo ou um  bairro  como o nosso, não se constrói sozinho, Itaquera com seus mais de meio milhão de habitantes precisa e quer fazer parte do mundo, não só na Copa do Mundo, pois a Copa vai, e nos ficamos. Precisamos de um legado. Que venham as Livrarias, hospitais, escolas, universidades, as moradia dignas a todos e todas que fazem parte desse grande, carente, esquecido e amado bairro..... Itaquera ...

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Fé e Esportividade....


Essa semana como é sabido por todos aconteceu uma grande, esperada e inédita classificação de um time para  Libertadores da América. Confesso que não deveria estar falando do assunto, pois para muitos que me conhecem posso estar cometendo uma heresia. Afinal trata-se de um time que é o maior de todos os rivais dos times brasileiros, e que também não sou muito fã, meu time, por exemplo, já faz pelo menos uns cinco anos que sequer ganha uma partida dele. É a maior gozação, dos amigos, alunos, colegas, familiares, esposa e filho, fazer o que? Infelicidade dos que optaram pelo time errado. Ninguém é perfeito.

Enfim, aconteceu essa classificação que a meu ver foi merecida.  Foi um bom jogo e o time adversário com todos aqueles jovens ídolos realmente deixaram a desejar, acho que o salto alto dos meninos da Vila fez com que eles caíssem na real e foi exatamente isso que aconteceu, caíram para o prazer e delírio dos aficionados e loucos torcedores, esses tais que não citarei o nome, não por despeito e sim por uma questão da não valorização desses aí....

Assisti ao jogo apreensivo, queria ver o desfecho dessa longa e esperada história de 102 anos sem o título tão desejado. Fiquei aqui na minha fazendo minhas coisas, hora ou outra dava uma bisbilhotada na TV, sempre acompanhando, porém, não com a devida atenção, pois ao mesmo tempo estava acompanhando o meu time pela rádio sendo desclassificado em outro Estado, o carrasco nesse caso foi  o coxa, coisa que alias não me incomodou tanto como o empate que classificaria esses tais...

Acabaram os jogos, o do meu time que foi desclassificado para a final da Copa do Brasil e o jogo do Campeonato da Libertadores da América, jogo esse que classificaria esse time de loucos para a inédita final desse campeonato, aqui no bairro como sempre aquela festa, parecia fim de ano em Copacabana. Guardada as devidas proporções, fogos e buzinaços para todos os lados, gritaria de loucos e histéricos vizinhos e esposa contente como um pinto no lixo, tudo uma loucura, nem na Internet me livrei destes inconvenientes postando mensagens da vitória, foi uma euforia total. Eu não podia fazer nada, meu time tinha acabado de perder um jogo e eu estava triste é claro, perder sempre dá aquela dor. Só que ao mesmo tempo tive um momento de insensatez, me peguei sorrindo, feliz ao ver aqueles que tanto acho inconvenientes e chatos, comemorando a vitória, que prazer  foi ver isso. A felicidade realmente contagia, mesmo aquela da qual você não faz parte, mas se os seus fazem porque não comemorar também aquilo que é tão esperado. Para esses que sempre tiveram fé fica aqui meus parabéns pela grande, desejada e inédita classificação do campeonato....e agora que vença o melhor e com muita esportividade.

domingo, 17 de junho de 2012

ZonaLeste.EstudoseCidadania: O SEMINÁRIO SOBRE EDUCAÇÃO E A PRODUÇÃO DE CONHECI...

ZonaLeste.EstudoseCidadania: O SEMINÁRIO SOBRE EDUCAÇÃO E A PRODUÇÃO DE CONHECI...:   ALGUNS RESULTADOS DO SEMINÁRIO "A EDUCAÇÃO E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO: ZONA LESTE - CONHECER PARA TRANSFORMAR O  Seminário "Edu...

A música e o mundo.


Sexta-feira passada dia 15/06, tive o privilégio de fazer um curso que falava da Geografia e a música, a princípio achei a idéia muito agradável, pois gosto muito de música e acho que é mais um instrumento para cativar os alunos. Teve aquela conversa toda, apresentação dos colegas, a impressão que cada um tinha sobre o tema da aula, se alguém já utilizava a música como ferramenta em sala, se alguém tocava algum instrumento musical e coisas assim, como sempre fiquei na minha, uma porque não manjo nada e música, outra que não toco absolutamente nada, mal consigo acompanhar uma musica batendo palmas, sou capaz de atravessar até no “Parabéns pra você”, isso só pra ver como sou um cara musical, mas enfim, mesmo com tudo isso, gosto de musica como ouvinte, é só.

Pois bem, fizemos um belo debate acerca do assunto, todos muito simpáticos, o professor um grande entendedor do tema e assim foi a aula, quase não paramos para tomar um lanche tamanha era a empolgação de todos nós na aula. Falamos dos nossos gostos musicais, música que marcou nossa infância ou a vida, música que marcou um momento ou lugar, enfim, toda nossa relação com a música em torno do tempo e espaço, e o engraçado disso tudo é que realmente as músicas bem ou mal elaboradas significam um tempo ou espaço que vivemos.

E para não deixar de ser  o repetitivo que sou, não vou esquecer de falar de uma música já citada aqui em outro momento, trata-se de ”Trocando em Miúdos”, uma porque essa música pra mim já tem um grande significado, a lembrança da infância e os irmãos mais velhos ouvindo e cantarolando junto do vinil, e outra é que essa letra retrata tudo que estávamos falando na aula. O tempo falando de músicos antigos como o Pixinguinha, a medida do Bonfim que é uma lembrança da Bahia e o Neruda que é um escritor do Chile. Olha só que riqueza, em uma única letra fala-se de um espaço, um tempo e uma cultura local, Chico Buarque como sempre genial.

Tudo bem, discutimos nos emocionamos e compartilhamos até algumas particularidades, como se a gente já se conhecesse há muito tempo. E o legal dessa história toda foi à prova de que a música possibilita acontecer em uma sala de aula, ela faz com que a gente entenda as nossas particularidades e as  alheias, conhecendo o tempo e o espaço de que cada um já fez parte ou ainda vai fazer. Acabamos a exposição da aula felizes,  e até arrisquei acompanhar com umas palminhas o vídeo de encerramento da aula.....valeu muito à pena, aprendi com isso que a música em qualquer parte do mundo aproxima as pessoas em qualquer tempo e espaço. Foi isso....



quarta-feira, 13 de junho de 2012

FINE.......


Como é semana do dia dos namorados,  não podia deixar de falar do assunto e principalmente  de falar de um filme que para mim simboliza tudo que há de mais romântico que já vi. Trata-se do filme Cinema Paradiso que além de falar de um grande amor que o Jovem protagonista Toto teve por uma linda jovem, é também uma bela história de amizade, amizade essa entre senhor Alfredo que passava a projeção no cinema e o garoto Toto. 

Pensando nisso, e querendo escrever sobre o assunto, não consegui pensar em nada que realmente me convencesse, pois, o que penso sobre esse romantismo todo é bem lugar comum, tudo que eu disser ou já foi dito ou vai ser  por alguém. Aquela ladainha toda sobre as palpitações no coração, o desejo incontrolável de querer falar com a pessoa amada, as ligações intermináveis de começo de namoro, e aquela conversa mole que incomoda todos que estão a sua volta, como se não houvesse nada e nenhuma paixão no mundo, somente a sua. É muito engraçado quando estamos nessa fase, não existe nada e nenhuma paixão e dor maior que a sua.....acho que é meio assim.

Enfim, tudo isso, como já disse é pura ladainha quando se tem uma cena de filme como a do Cinema Paradiso, em especial a cena final, onde o Alfredo fez uma colagem de tudo que ele havia cortado por conta da censura, lindas cenas, inúmeros beijos, de vários clássicos do cinema e com belíssimos atores e atrizes, cena realmente muito bonita e sensual para a época do filme, uma linda trilha sonora de Ennio Morricone, esse cara acertou em cheio na melodia, aliás diga-se de passagem como todas as musicas que ele já produziu, todas lindas sem exceção.

Voltando a questão principal. A paixão dos enamorados, lindo, comovente, estonteante e devastador e tudo isso que sentimos pela pessoa desejada, como já disse nada poderia descrever tal sentimento como a Cena final do filme que acabei de citar, para aqueles que conhecem o filme fica ai a dica para rever e reproduzir os beijos como os do filme, e para aqueles que ainda não conhecem que sirva de inspiração para acalentar ainda mais a paixão......fica a dica.



sábado, 9 de junho de 2012

A Arte de Interpretar a Literatura.





Olha eu de novo me atrevendo a falar de literatura e cinema, sei e confesso que ambas não são minha especialidade, aliás não conheço nada que realmente eu entenda de verdade, mas me esforço, ou pelo menos tento.

Dias desses assisti  um telejornal que falava do lançamento de um filme para o mês que vem, trata-se do filme On the Road, filme esse que foi inspirado na obra do escritor norte americano Jack Kerouac, feito na década de 50 do século passado. Li esse livro quando  tinha meus 18 ou 19 anos e acho que foi o primeiro de vários livros que fala sobre marginalidade que li, pelo menos é o que penso da obra. Depois disso li Charles Bukowski, Reinaldo Moraes, Joeli  Pimentel, esse ultimo é bem underground, esses caras aí. Enfim gosto de ler mas ainda não li um décimo que deveria ter lido.

Diante dessa notícia que acabara de ver no telejornal peguei-me a pensar nas obras que já havia lido e que se tornaram filmes depois, claro que não consegui lembrar-me de muitas coisas, como já falei não sou especialista no assunto, mas mesmo assim me vieram alguns em mente, o próprio On The Road que em breve será lançado no cinema, o Ensaio Sobre a Cegueira, e por fim O Amor nos Tempos do Cólera, todas essas obras já tive a oportunidade e felicidade de ler, pois todas além de ser uma obra prima, pelo menos para mim trata-se também de clássicos da literatura contemporânea. Enfim, tornei-me melhor depois de ter lido esses caras.

E olha que curiosidade, num outro texto que escrevi, também citei o Ensaio Sobre a Cegueira de Jose Saramago, vi esse filme há um certo tempo, gostei  muito. Mas claro nada se compara à narrativa e o realismo que Saramago consegue descrever, é simplesmente genial esse sujeito, não deixa passar nada sem colocar uma peculiaridade nas histórias, muito bom, é o que eu acho.

Agora O Amor nos Tempos do Cólera, li esse livro se eu não me engano em 2004 ou 2005, lembro-me de quando estava lendo esse livro, me  empolguei tanto com a leitura e o amor incondicional de Florentino Ariza por Fermina Daza que também fiquei apaixonado, não queria parar de ler, e olha até que ponto eu cheguei, quando estava terminando a leitura era tamanha a minha excitação, lia no caminho do trabalho, em casa, devorei o livro, Gabriel García Marquez me prende muito com sua escrita, outro gênio....enfim, nas últimas páginas estava no caminho do trabalho, cheguei na estação onde tinha que descer e fiquei por lá mesmo, atrasei-me um pouco mais, pelo menos umas meia hora, mais valeu, enquanto não acabei a leitura não sai da estação Santa Cecília, estação essa que deveria ter saltado. O pior dessa história foi o chefe passando também para o serviço e me ver parado lendo ao livro e nada de eu ir trabalhar, quando cheguei no serviço e ele me perguntou a razão de eu estar lá parado, respondi e claro que ele não acreditou, fazer o que?.....Disse que eu era louco....nem liguei.....

Por fim, porque essa ladainha toda que eu contei? Essas três obras por coincidência ou não foram interpretadas ou dirigidas por brasileiros, motivo esse que me orgulha muito, no Ensaio Sobre a Cegueira, teve a atuação da jovem Alice Braga brilhantemente interpretando a linda rapariga de óculos escuros e dirigida por Fernando Meirelles, além de partes do filme ter sido rodado aqui em São Paulo. O Amor nos Tempos do Cólera, com a diva do cinema nacional Fernanda Montenegro, que empresta seu talento e delicadeza a bela personagem de Trânsito Ariza como mãe do protagonista da obra, e por fim o filme On the Road que foi dirigido por nada mais nada menos que Walter Salles, esse dispensa qualquer tipo de comentário....É isso, três grandes obras da literatura mundial contemporânea e o Brasil emprestando seus talentos para abrilhantar ainda mais essa linda coisa que é a arte da literatura e do cinema. 

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Viagem gastronômica.


Pode até parecer lugar comum citar alguns ditados, mas mesmo assim gosto de reproduzi-los. Dizem que por meio da leitura é possível fazer várias viagens sem sair do lugar e realmente isso é possível, ainda mais quando se trata de uma boa escrita. Certos escritores conseguem com muita facilidade descrever e narrar fatos com uma excelência que até parece que estamos presenciando ou que estávamos no acontecimento, uma boa leitura dependendo até, se consegue imaginar o cheiro sugerido, adocicado, fétido, cheiro de flores, enfim, toda essa coisa.

Lembro-me de quando estava lendo um livro de Jose Saramago.  “O ensaio sobre a cegueira”, sentia o cheiro da rua como ele descrevia o lugar onde estavam alojados e imaginava aquele cenário de terror, genial a descrição que esse homem fez, e olha que custei a iniciar a leitura, achava muito pesada, tive que iniciar pelo menos três vezes até pegar no breu, quando comecei a ler ai sim viajei na extraordinária narração desse autor.

E por falar em viagem, de uns tempos para cá tenho me encontrado com dois amigos que fiz a pouco, deve ter no máximo uns dois a três anos que os conheço, mas só agora parece que descobrimos algumas afinidades e resolvemos nos aproximar, e essa aproximação devo confessar, chegou tardiamente, tudo bem, o que vale é o agora.

Pois bem, voltando à viagem, falei da leitura que possibilita transitar por vários lugares e culturas, sentir cheiros coisa e tal, só que isso a meu ver é uma sensação individualista, você até compartilha com os outros, mas não ao mesmo tempo, você Lê e depois comenta com o amigo ou a amiga e assim vai.
 Pensando nisso me veio à cabeça esses dois novos amigos, ou melhor, amigo e amiga. De uns dia para cá antes mesmo de nos encontrarmos no serviço já temos um encontro pré-agendado, e o melhor dessa agenda é a surpresa que nos espera, como sou uma pessoa  sugestionável se tratando de comida fico ansioso para ver qual será a pedida, enfim saímos para comer, não o trivial, isso se come todos os dias, o legal da história é que nunca é um lugar logo ali, atravessamos o bairro para poder almoçar, ai vem comida Tailandesa com direito ao chefe contando suas peripécias culinárias, garçom falando do processo de fermentação da cerveja, restaurante grego no meio do Bom Retiro, só coisas do gênero, é o maior barato, coisas e sabores inusitados para um simples almoço e com um leve sabor de viagem pelo mundo afora. Só que essa viagem acontece com os amigos saboreando juntos e não só como na leitura que é uma viagem solitária... É isso.

domingo, 3 de junho de 2012

ENQUANTO MANOELA NÃO CHEGA

Caros amigos, sempre falo em democratização das coisas, só que falar é tarefa fácildifícil mesmo é colocar algumas questões em praticas. Pensando nisso, resolvi compartilhar duas obras que possuo aqui em casa, uma delas é uma gravura feita por uma amiga chamada Gicelle Archanjo, adquirimos essa obra no ano passado e desde então passou a ser o xodó aqui da nossa sala. Outra obra que é tão bonita quanto a gravura é um texto escrito pela Andréinha, texto esse que quando li meus olhos encheram-se de lágrimas, achei lindo, emotivo, carinhoso e acima de tudo apaixonante. Como eu queria conhecer essa tal Manoela.....Vale muito a pena conferir.



Tenho uma amiga, a linda Manoela, um dia pedi que ela me fizesse uma visita em casa. No começo ficou uma coisa meio descosturada, solta, nunca chegávamos há um dia e horário que fosse bom para ambas.
Ela era tão envolvente, com seu riso, seu lindo cabelo cacheado, não tinha espaço que a pequena Manú não preenchesse ao chegar. Ela tinha brilho próprio.
Em certo tempo discutíamos sobre vestidos, filosofia, a beleza das outras mulheres, e ríamos juntas. Às vezes imaginava nós duas tomando chá ou dormindo na grama numa tarde de sol.
Mas eu imaginava demais e Manoela tardava a chegar, quando ela podia, quem não podia era eu. Ficou confuso, e nossa relação começou a tumultuar, a ficar crespa.
Sentia muito a sua falta, procurava em vão o carinho dos seus olhos, mas os outros olhares eram distantes e vazios. Chamava por Manoela, mas ela não ouvia. Resolvi então matar o tempo enquanto a esperava. Dançava sozinha na sala, fazia bolo de chocolate, costurei uma enorme colcha de retalhos, li todos os livros da minha estante, tomei toda garrafa de vinho, escrevi uma tese, dei todas as roupas velhas, revi todas as fotografias, mandei a hipocrisia dar uma volta no parque e me esquecer por uns tempos.
Mas nada satisfazia, não havia pílula, infusão, complexo vitamínico, sexo casual, chocolate ou cartão de crédito que desse jeito. O cabelo cresceu, emagreci, engordei, emagreci de novo, enlouqueci, adquiri novos hábitos, sempre pensando em como seria se fosse à companhia dela, o tempo diminuía a ansiedade, mas aumentava a angústia.
Um dia acho que ela chegou até a frente de casa, mas antes de bater ficou em silêncio, ouviu alguém chorando baixinho atrás da porta, recolheu seu pequeno punho e foi embora sem incomodar ninguém.
O tempo passava, mas a tristeza não, até o dia em que acordei com o propósito de ser feliz. Fiz um acordo com a vida que dizia:
“Manoela fique no mundo da fantasia, nesse imaginário você é linda e viável. No mundo real você é cruel.”

Por: Andréa Martinez.