facebook

domingo, 27 de maio de 2012

Dicas de Leitura por: Sandra Rocha.



Minha amiga, incentivadora e revisora, professora Sandra Rocha contribuiu para esse modesto blog com uma linda indicação de leitura, trata-se nada mais nada menos que Clarice Lispector. Sandra é uma eterna admiradora e conhecedora das obras da escritora, sempre quando menciona os textos e livros de Clarice, fica emocionada, contente. Parecendo até uma menina falando de sua primeira paixão, e é exatamente assim que ela trata a literatura, com paixão, respeito e dedicação....vale muito a pena conferir a indicação...


Água viva, de Clarice Lispector

Água viva, é um longo texto ficcional em forma de monólogo, que foi publicado pela primeira vez em 1973, poucos anos antes da morte da autora, Clarice Lispector. Neste livro, Clarice leva a extremos a insurreição formal e a desestruturação da forma romancesca, criando um gênero híbrico, marcado pela fluidez, pela aparência inacabada e inconclusa, produto da liberdade.
Não existe enredo em Água Viva, prevalecendo a repetição dos mesmos temas e o desfile de imagens multifacetadas, similares ao jogo de variações existente na música. A circularidade está presente desde a primeira até a última frase do livro: não há começo, meio ou fim. Trata-se de um texto para ser muito mais vivido do que lido, no qual a sensibilidade aflora constantemente, em um fluir de experiências vivenciadas de forma intensa. Clarice rompe com o sistema, virando-o pelo avesso, revelando o indizível, o "proibido". Como já citado, a autora promove a desconstrução e a desautomatização da linguagem, ao decompor e desmontar o próprio sistema de escrita, para tentar se libertar da náusea de viver, através da palavra expressa em neologismos, de construções inovadoras, da busca pelo sentido perfeito e por um equilíbrio entre forma e conteúdo, promovendo a exaltação do ser interior, do sujeito superfragmentado e da passagem da crise psicológica à angústia metafísica.
Clarice estabelece uma forte relação entre a pintura e a literatura: é como se ela precisasse captar o presenta ultrapassando os limites da linguagem. A personagem é uma pintora que escreve a alguém e fala constantemente de pintura, fazendo com que a respiração de um traço ou de uma pincelada estejam concretamente na obra, marcas físicas de um trabalho. A música vibra também por trás de seu texto. Há um cansaço em relação à palavra, essa palavra que nunca a satisfaz.
Nesta obra, bem como em Um sopro de vida, Clarice Lispector oferece-nos textos que se fazem próximos da experiência com o corpo, da concretude do mundo. As reflexões partem sempre daquilo que está sendo vivido.
Traz uma linguagem que não se perde no tempo; ao contrário, é ricamente metafórica, em que coisas, ações e emoções do dia-a-dia se transformam em grandiosas digressões indagadoras sobre o sentido da existência e da vida. Seguindo a linha de características introspectivas de seus livros, Clarice cria, em Água viva, uma obra singular, verdadeiro relato íntimo que projeta em flashes, como num caleidoscópio, verdadeiros resumos de estados de espírito em tom de confidência, onde a subjetividade sobrepuja o factual e a narradora é responsável pela cadência do texto.
O tema da obra é o instante, seu tema de vida. Como num exercício profundo, fala da tentativa de captar a quarta dimensão do "instante-já", que de tão fugidio não o é mais porque agora tornou-se um novo instante-já, que também não é mais. Cada coisa tem um instante em que ela é. O que se fala, nunca é o que se fala, e sim outra coisa. Gira em torno de nascimento, amor, liberdade, solidão, espelho, vida secreta, prece, escuridão, morte.
Em Água Viva os temas nascem e se repetem num jogo de variações e fuga análoga ao da música. Assim como a música nada mais é do que uma moldura para o silêncio, uma maneira de tornar perceptível a ausência do som, o texto de Água Viva é um longo adágio, um andamento lento e contínuo para além das fronteiras da palavra:

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Riviéra / Belas artes....


Juro que não queria, mas é mais forte que eu. Domingo resolvi dar uma volta pelo centro de São Paulo, e sempre que resolvo isso acabo tendo o destino traçado, não tive dúvidas, o destino era a Avenida Paulista, nunca o passeio é perdido, mesmo que eu não vá ao cinema, sempre tem algo para fazer. Bisbilhotar a livraria Cultura, tomar um café no anexo do Espaço Unibanco ou ficar andando por lá mesmo, isso pra mim é diversão na certa, só que nesse dia não foi bem assim.
Peguei o trem no metrô Itaquera direto para a estação da Luz, queria fazer um roteiro diferente, pegar o metrô da linha amarela, eu ainda não conhecia. Achei diferente, moderno, nada parecido com o que temos aqui na zona leste, enfim, metrô de zona Sul não podia mesmo ser igual ao nosso. Não sei por quê! Mas fazer o que?
Embarquei na Luz e desci na estação consolação e ai que começa minha frustração. Sei que não deveria ser surpresa, pois acompanhei pela mídia o caso do cinema Belas Artes, que, aliás, até hoje não consigo entender como pode fechar essa sala de cinema. Assisti inúmeros filmes lá, e confesso, pra mim não era a sala mais confortável ou moderna, mas gostava de freqüentar, tinha certo romantismo, não sei por que, mas achava isso, e sempre quando saia da sessão não tinha outra, era só atravessar a avenida e ir direto ao bar Riviéra, tomava varias cervejas e lá me sentia o tal, em certa ocasião fiquei sabendo que esse bar já fora freqüentado por alguns artistas, uns caras nada ver, tipo Chico, Caetano, Mario Prata, essa galera ai, achava o maximo, me sentia parte disso. Como pode né? Até onde pode ir à imaginação e alucinação de um individuo. Enfim, passei em frente ao cinema e tudo fechado, sujo e sem aquele romantismo que eu sentia há tempos atrás, segui em frente, tentei fazer tudo como havia planejado, só que a diversão que pra mim era dada como certa não rolou. Não voltei legal desse passeio, senti falta de algo, esse algo não pertence mais a São Paulo, nem a mim e a mais ninguém, quem viu, viu. É uma pena.




domingo, 20 de maio de 2012

50 DIAS DE OCUPAÇÃO: UMA LUTA DAS MULHERES DA ASSOCIAÇÃO OLGA BENÁRIO

Ontem dia 19/05 no Jardim Santa Rita, Zona leste de SP, teve uma assembleia da Associação Olga Benário, foi emocionante, a comunidade em pleno sábado discutindo a destinação do terreno que eles estavam utilizando  como sede, graças a arbitrariedade da Sub-prefeitura de Guaianases a justiça resolveu entrar com pedido de reintegração de Posse. Acompanhem parte dessa história contada pelo meu irmão Valter de Almeida Costa. Vale a pena conferir...


"Neste sábado, dia 19 de Maio, quando completou-se 50 dias da ocupação de terreno no Jardim Santa Rita, próximo ao Bairro XV de Novembro, por moradores cansados de ver este terreno abandonado por 40 anos, acumulando lixo e oferecendo riscos aos vizinhos, foi realizada mais uma assembléia para definir os rumos do Movimento. Presentes as lideranças da Associação Olga Benário, na maioria mulheres, foram dados os informes sobre a decisão judicial de desocupação do terreno que seria "restituído" aos donos que durante décadas nunca fizeram nada no local.  A empresa proprietária da área é uma firma que trabalhava com terraplanagem que ocupava um local próximo, também desativado. Foram décadas de riscos aos moradores que precisam atravessar aquele local que servia de esconderijo para bandidos. Local onde ocorreram várias violências. A população resolveu ocupar o terreno reivindicando a construção de um Centro Comunitário para servir como espaço de lazer e cultura para o povo. Por conta da ordem judicial de reintegração de posse, foi decidida a desocupação voluntária e pacífica dos moradores que se alternaram, nos últimos cinquenta dias, para a guarda e limpeza do terreno. Uma tenda abrigou a última reunião no local, onde as pessoas fizeram um balanço do que significou estas semanas. Várias mulheres da comunidade se pronunciaram. Uma delas, Lígia, falou do resgate do trabalho solidário. Foi provado que as pessoas sabem se unir. Outras falas também apontaram como vitória a aproximação das pessoas que querem a melhoria do bairro. Presentes no Encontro, a Vereadora Juliana Cardoso e o Deputado Estadual Adriano Diogo ficaram de acompanhar a comissão de moradores que tentaria, na segunda-feira, dia 21 de maio próximo, uma audiência no Gabinete do Prefeito, para encaminhar a solicitação para decretação da área como utilidade pública. No final, foi emocionante a disposição dos presentes, principalmente das mulheres, em continuar a luta, de cabeça erguida. Para todos e todas que estavam naquela assembléia, uma grande sensação de comunhão,  que somente a luta justa traz,  tornou este sábado inesquecível".











                

sábado, 19 de maio de 2012

Carioca....




Carioca parte 1

Pode até parecer que sou bairrista, vivo citando São Pulo ou parte dela em meus comentários. Na verdade não sou, prego sempre a tolerância e o respeito à cultura alheia, vivendo aqui seria humanamente impossível ser diferente, uma cidade cosmopolita como essa não pode suportar tal atitude.
Vamos ao que interessa, durante um período da minha vida trabalhei como free   lancer em alguns institutos de pesquisa, fazia pesquisas por todos os cantos do Brasil, tive a oportunidade de conhecer vários lugares e um desses lugares foi Sergipe,  é ai que começa essa história.
Depois de horas viajando da cidade de Estância ate Aracaju,. Cheguei morto como sempre, e  como  era quase 14h  não tive dúvidas, comi  igual a um ogro no próprio hotel, e fui tirar minha ciesta. Estava tão cansado que fiquei na beira da piscina, era um dia  agradável  e acabei cochilando por ali mesmo, de roupa de trabalho e tudo. De repente fui abordado por uma jovem senhora me perguntando.
 Ei rapaz, tu é de São Paulo não é?
 Respondi de pronto.
 Sim, por quê?
 E ela.
 Dormindo na beira de uma piscina tinha de ser Paulista!
 Sorri e valorizei a conversa, foi o maior barato, conversamos a tarde inteira e tomamos várias cervejas, ela me confidenciara ser escritora, coisa e tal. Fizemos amizade, passamos uns quatro dias nessa conversa, curtimos a festa junina de Aracaju e ficamos amigos por esses dias, foi legal. Trocamos telefone e endereços e tive de partir rumo ao meu destino, cidade de Arapiraca no estado do Alagoas.
Terminei minha pesquisa na região nordestina e vim para São Paulo, mais um trabalho cumprido e feliz por ter desfrutado de uma bonita amizade, pelo menos temporária, cheguei em casa e logo recebi uma correspondência. Adivinha de quem? Antonieta Accioly, a amiga escritora de Aracaju. Ganhei seu livro. ”Eu me vendo” poemas. Tinha dedicatória e tudo:

“Grande Marcio, ao meu amigo precioso desses dias forrocajuinos, alguns rabiscos e licenças poéticas despretensiosas, mas desde já saudosas”.
Beijo. Tieta. Junho 2001

Falamos-nos mais uma vez pelo telefone e nunca mais. Dias desses escutando radio CBN pela manhã sobre o bairro de Santa Tereza no Rio de Janeiro escutei uma moradora falando sobre os problemas locais, falando da importância da região, e para minha surpresa era ela, a Tieta do Rio, encontro inusitado e saudoso, fiquei feliz nesse dia......é isso.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Trocando em miúdos.




Trocando em miúdos.


Hoje bisbilhotando no you tube, comecei a ouvir algumas músicas, sempre escuto as mesmas coisas, em relação a isso sou meio conservador, não conheço músicas e músicos novos que realmente me agradam. Fazer o que?
Diante desse meu conservadorismo comecei a escutar Chico Buarque, escutei várias músicas, todas lindas, claro, e sempre que escuto, lembro de quando era moleque passando para a adolescência, tínhamos em casa uma vitrola daquelas que só tocava o vinil, nem rádio tinha, era uma caixinha  que você abria e ali tudo acontecia, achava o maior barato, era o que tinha na época, pelo menos para minha família. E com isso ficávamos lá,  eu na surdina e os irmãos mais velhos escutando as musicas. Confesso, na época não entendia nada, mas escutava, tava lá mesmo.
Tinha uma música que tocava bastante, eu ouvia , achava bonita e mais nada, só ouvia, passou o tempo, as referencias foram chegando e só então entendi o que o Chico cantava, ou melhor, declamava.
Neruda, Pixinguinha, medida do Bonfim, tudo isso que parecia Grego pra mim passou a ter  outro sentido mais tarde. Hoje, sempre quando escuto “trocando em miúdos” vejo que a minha ignorância juvenil me impediu de compartilhar essa obra e esse momento com os meus, que sempre estiveram lá.....é isso.


Trocando em miúdos.

Eu vou lhe deixar a medida do Bonfim
Não me valeu
Mas fico com o disco do Pixinguinha, sim!
O resto é seu
Trocando em miúdos, pode guardar
As sobras de tudo que chamam lar
As sombras de tudo que fomos nós
As marcas de amor nos nossos lençóis
As nossas melhores lembranças
Aquela esperança de tudo se ajeitar
Pode esquecer
Aquela aliança, você pode empenhar
Ou derreter
Mas devo dizer que não vou lhe dar
O enorme prazer de me ver chorar
Nem vou lhe cobrar pelo seu estrago
Meu peito tão dilacerado
Aliás
Aceite uma ajuda do seu futuro amor
Pro aluguel
Devolva o Neruda que você me tomou
E nunca leu
Eu bato o portão sem fazer alarde
Eu levo a carteira de identidade
Uma saideira, muita saudade
E a leve impressão de que já vou tarde.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Acompanhem o Blog da minha amiga Gicelle Archanjo, o http://separandoascoisas.blogspot.com.br/, assim como as obras dela é uma verdadeira pintura, bonito e de muito bom gosto, vale a pena conferir.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Virada Cultural....


Cadê a virada Cultural?


Juro que tentei ficar na minha, mas diante de vários acontecimentos a abstenção seria uma covardia. Não gosto de ficar dando pitaco no trabalho alheio, já disse em outro momento que pior que aqueles que ficam torcendo contra, são aqueles que não fazem nada. Enfim, há duas semanas, aconteceu em São Paulo, não sei qual edição da virada cultural, nunca me atentei ao número, pois sempre achei esse evento uma tremenda enganação ao povo da cidade, pois o mesmo, não necessita de cultura num único final de semana e sim todos os dias do ano. Pensando nisso, me lembrei de uma música que há tempos não ouvia. “ Comida”, do Titãs, acho que essa música vem bem a calhar com esse pensamento, pois:

A gente não quer só comida
A gente quer comida
Diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída
Para qualquer parte.

E por falar em comida, que barca furada o Alex Atala se meteu, se encarregar de dar alimento para toda  essa galera, será que ele nunca viu como funcionava a distribuição do bolo do aniversário de São Paulo? Isso realmente tinha tudo para dar errado, quando escutei pela radio juro que não me surpreendi, mais fazer o que? Essa programação deveria ter outro cunho, cultura não pode ser tratada dessa forma, deve ser levado diariamente para todos os bairros, o que não falta nesta cidade é equipamento ocioso nos finais de semana e durante a semana também, se esse costume se tornar uma freqüente, acho que os próximos eventos poderão acontecer de maneira mais serena e parecendo uma democratização de cultura como de fato deveria ser.É isso.....

sábado, 12 de maio de 2012

Herói quase anônimo...



Em 2007 fiz um trabalho sobre a questão do negro com alunos do 9º ano do ensino fundamental II, de uma escola que trabalhei localizada na Cidade Líder. Pensei em fazer algo que fugisse dos padrões discutidos normalmente, e lembrei-me de um personagem importante da região onde morava, via meu irmão mais velho, o Valter falando muito sobre ele, o senhor Sebastião Francisco o Negro, acompanhei essa história sem dar muita importância, era moleque e não me atentava a algumas questões, mas mesmo assim gostava de ouvir sobre esse senhor, e assim foi. Queria discutir essa questão,  partindo da realidade local, por isso recorri ao Valter para dar início ao meu trabalho, pois  ele, além de ser professor de História, também foi amigo de Sebastião. Pronto, juntei duas coisas, a proximidade com o meu irmão e o conhecimento dele acerca desse senhor, fizemos eu e os alunos um lindo trabalho, que finalizamos com uma palestra sobre o Sebastião Francisco o Negro e a partir daí que nasceu esse texto que vou compartilhar. “Herói quase anônimo” escrito para um jornal do bairro no final de maio de 2007. Pois é, coincidência ou não amanhã é 13 de maio.



Herói quase anônimo.

No último dia 13 de maio, foi a comemoração da suposta data da libertação dos escravos, data esta que a meu ver não deveria ser comemorada, pois quando falamos em liberdade, é sempre possível questionarmos até onde realmente os negros foram libertos. Pois bem, para não deixarmos essa data passar despercebida, resolvi falar do assunto com meus alunos de maneira diferente, pois poderíamos tentar resgatar parte dessa história falando da nossa própria realidade, ou até mesmo do que esta ao nosso redor, e foi exatamente o que foi feito.
Pensando nisso resolvi perguntar aos alunos quem seria o Senhor Sebastião Francisco o Negro, poucos se arriscaram a responder, na verdade quase ninguém já ouvira falar dele, partindo dessa realidade que eu acabara de encontrar resolvi apresentar esse grande sujeito para a escola, Os alunos ficaram surpresos que no bairro onde eles estudavam já teve um homem do qual podemos nos orgulhar e também usar como referência de trabalho social, solidariedade e dedicação a seu semelhante.

Enfim, quem foi Sebastião Francisco o Negro, Teve uma história marcada por uma participação ativa embora anônima em grandes lutas políticas sindicais sociais e comunitárias, como exemplo atuou na luta pela melhoria urbana no bairro da Cidade Líder. Participando principalmente ao longo das décadas de 60, 70 e início dos anos 80, em mobilizações que resultaram na pavimentação de ruas, construção de escolas e demais equipamentos urbanos. Nestas mobilizações atuou em parceria com outros lideres comunitários locais dos quais um dos mais ativos era Miguel Pereira Lima, na luta social e sindical foi responsável pela criação de alguns sindicatos no Brasil, tendo participado do inicio da organização do sindicato dos metalúrgicos de São Paulo. Porem como profissão durante a vida inteira trabalhou mais como pedreiro e era esse o oficio que exercia quando foi prezo em 1935 por razoes políticas, pois participou da revolta organizada pelo Partido comunista e pela Aliança Nacional Libertadora. Propunha já na década de 30 do século passado a reforma agrária e o controle sobre o lucro das empresas estrangeiras, nesta prisão política que era chamado de presídio Maria Zélia, sofreu terríveis torturas, mas conheceu vários militantes do movimento socialista e comunista, fazendo amizades com vários deles e uma das suas amizades mais fortes foi com seu homônimo Sebastião Francisco, que também era militante do partido comunista, mas esse exercia a profissão de pintor, era branco e de origem Italiana. Para diferenciar ambos na hora da chamada do carcereiro na conferência dos presos, começou a chamar o Sebastião Francisco de “o Negro”. Pois existiam dois Sebastião Francisco que alem de terem o mesmo nome, também militavam no partido comunista. Neste período também estavam encarcerados vários intelectuais comunistas, um deles era o escritor e historiador Caio Prado Junior, que organizaram uma espécie de escola de formação política dentro do presídio. Depois de libertado, Sebastião Francisco O Negro continuou na luta política pelo fim das injustiças sociais tendo participado também de uma organização clandestina chamada de Socorro vermelho que ajudava as famílias dos que haviam sido assassinados na ditadura do estado novo e posteriormente na ditadura militar estalada com o golpe de 1964. Após seu falecimento seus amigos do Partido comunista Brasileiro que moravam em cidade Líder e atuavam nas associações de bairros de Itaquera fizeram um abaixo assinado para que seu nome fosse dado a uma escola municipal que foi inaugurada em 1992, aqui na Cidade Líder. Pois é, fez tanto pelo bairro, amigos e família que nada mais justo que receber como homenagem o nome de uma escola da qual só pode ser erguido por conta de um grande movimento social, que por sua vez foi inspirado com exemplos, que o Senhor Sebastião Francisco o Negro o fez. Que isso fique como exemplo cada dia do ano, pensar na questão do negro não só no dia 13 de maio ou 20 de novembro, pois a história dos negros tem que ser lembrada todos os dias, e não somente nas datas acima citadas.




sexta-feira, 11 de maio de 2012

Anjos ou Suicidas....




Ontem pela manhã, por volta das 12h, deixei minha companheira no largo do café almoçando e parti ao meu destino, senti uma tremenda pena não poder ficar, tinha que ir, pois já tinha compromisso marcado com alguns amigos e não queria dar um bolo. Segui meu rumo, subi a Rua São Bento, gosto de passar por lá, tenho ótimas recordações de quando era jovem, subia e descia essa rua olhando as vitrines e sentindo o cheiro  que nunca me esqueço da BOTICA AO VEADO D'OURO, cheiro forte de remédio misturado com perfume que não sabia identificar, só sei que gostava. Tudo bem, quando estava chegando próximo a praça patriarca e olhei para o horizonte me deparei com umas imagens nada comuns na região, a principio não entendia o que estava vendo, eram homens aparentemente nus sobre o parapeito dos prédios, de inicio tinha avistado somente um, olhei mais acima vi outro bem ao longe e por fim quando já estava bem na Praça Patriarca e em frente a Antiga Casa Fretin, olhei a esquerda e vi outro, entendi ai, que se tratava de uma intervenção artística, achei aquilo fantástico, bonito e ao mesmo tempo triste, homens a beira de um abismo? Será que estavam prestes a um suicídio ou eram Anjos caindo à Terra como o Nicolas Cage em Cidade dos Anjos? Não importa, só sei que segui meu caminho feliz e saudoso, sentindo na  memória aquele cheiro dos perfumes e remédios e de quebra uma louca intervenção na mais bela das Cidades......São Paulo. 



domingo, 6 de maio de 2012

VIADUTO DO CHÁ.


Hoje revirando um Pen Drive achei um arquivo que a muito procurava, me deparei com uma grande surpresa. Não lembro exatamente quando foi mas, quando o Viaduto do Chá fez 100 anos, houve uma grande manifestação na midia, muitos telejornais tiveram como pauta o acontecimento. E falaram da história do viaduto, como ele chegou aqui em São Paulo, como e quando foi montado, tudo vindo de fora do país. Na época,  fiquei bastante sensibilizado com o evento, pois, me sentia parte dessa história, uma vez que eu passava pelo menos duas vezes por dia fazendo meu trajeto obrigatório na função de Ofice Boy. Pronto, fui lá e tentei deixar minha contribuição em homenagem ao viaduto, peguei um caderno e tentei dissertar algo que fosse a altura do homenageado, feito isso, guardei e esqueci, tive vergonha de dividir com os amigos e familiares. Depois de muito tempo digitei e guardei, e hoje, assim como num encontro de um velho amigo que você não ve há muito tempo eu o reencontrei, que encontro feliz, só que desta vez não vou ter vergonha de partilhar, pois nunca devemos nos encabular quando se trata de uma paixão, paixão essa que tenho por São Paulo e o seu Grande Viaduto.....é isso.



VIADUTO DO CHÁ.


Viaduto do chá


Concreto cinzento

Como pôde viver cem anos

Com tudo isso que se passa

Pessoas passando sobre ti

Pessoas ricas ou pobres

Pessoas, sofridas, ansiosas e  angustiadas

Querendo se matar, ou até mesmo

Viver muito

E você viaduto, ai parado

Envelhecendo, se corroendo com o passar do tempo

E mesmo com tudo isso,

Você viverá em nossos corações,

Nos corações das pessoas que ai passaram

Ou ainda vão passar

E hoje mesmo envelhecido

Permanece entre outros belos personagens Paulistanos

Como o lindo Teatro Municipal

O enorme prédio do Banespa

E o grande vale do Anhagabaú

Onde hoje acontecem varias manifestações e festas populares

E nada melhor que isso para você viaduto

Que você viva cem, duzentos, trezentos anos

Pois você é um personagem importante para São Paulo

E viverá sempre em nossos corações.





sábado, 5 de maio de 2012

Abstenção....

Já faz tempo que venho pensando nisso, se tem uma coisa ou palavra que me incomoda profundamente é a bendita "ABSTENÇÃO". É fácil demais quando não queremos nos posicionar gritarmos - Me abstenho- e ai vem a pergunta. Por que essa postura? Será que não quer se expor? Ou é medo dos que os outros podem ficar pensando?.Na verdade não sei, só sei que fico bastante apreensivo e desconfiado com tal posição.
Essa postura no meu ponto de vista, é bem limitada. Quem me conhece sabe porque estou falando isso, e quem não conhece ficará sabendo depois. Tudo bem, isso é outra conversa, voltando ao tema. Penso eu, bem modestamente que, por mais limitado que  seja o nosso conhecimento, sempre devemos nos posicionar ou ao menos não criticar aqueles que estão por fazer algo, pois, pior que se abster é aquele que torce contra tudo e só espera que as coisas piores possam acontecer.....é isso.

quinta-feira, 3 de maio de 2012


Parte do meu pequeno acervo que pretendo compartilhar, dando dicas de filmes e possíveis leituras que gostaria de debater, ao longo dos dias vou sugerindo alguns temas.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Dicas de Filmes....

 Peixe grande e suas histórias Maravilhosas. Peixe grande do diretor Tim Burton é um filme fantástico e cativante, o seu tom maravilhoso é dado pelas incríveis aventuras de seu protagonista contadas de forma a envolver o telespectador nas graças surreais de uma figura social, Eduard Bloom.

O enredo vai se desenvolvendo a partir de um personagem,  exímio contador de historia.

Eduard nasce numa pacata cidade e logo descobre numa enciclopédia uma espécie de peixe que cresce conforme o tamanho do seu habitat, isto parece ser o lema da sua vida, torna-se desde então primordial procurar lugares pra da vazão, tanto para sua ambição de se tornar um grande homem, quanto para contar os fatos de sua vida através de fábulas,frutos de sua grande inspiração.no final de sua vida atacado pelo câncer recebe a visita de seu filho que tenta reconstituir o quebra-cabeça na realidade e saber a veracidade dos fatos...

Inspirado nessas e outras fantásticas histórias, vou aqui partilhar um pouco de minha trajetória.

Só sei que foi assim:


O que falar dessa grande pessoa, ou melhor, pequena pessoa. Como são muitas as histórias que vivemos ao longo de nossa trajetória amorosa vou relatar como nos conhecemos.

Pois bem, na minha infância que não foi nada mole, logo aos 8 anos de idade tive que começar a trabalhar, e sem falsa modéstia, fui um dos precursores de malabarismo em semáforos de SP, pratica muito comum nas esquinas paulistanas nos dias atuais, e foi ai onde tudo começou, ela com 12 anos de idade e eu como já foi dito aos 8 em busca de uma melhor sobrevivência.

Quando estava eu,  lá na minha atividade profissional num domingo as 10h de uma manhã ensolarada em busca de um misero trocado, lá estava ela naquele cruzamento indo ao Parque Ibirapuera com sua família pequena burguesa da década de 80, esse cruzamento que estou me referindo é a AV Rebolças com a AV Brasil, endereço hoje quando passamos nos desmanchamos em lagrimas. Tudo bem, isso é outra história, voltemos ao nosso primeiro encontro , ela dentro da Brasília azul e eu no semáforo fazendo minhas peripécias quando nos olhamos profundamente, e foi ai que eu vi o que era amor a primeira vista, só que o semáforo se abriu e nunca mais nos vimos.

Quando estava um pouquinho mais velho e melhor colocado profissionalmente em um Show do A-HÁ no estádio do Palmeiras onde eu vendia água fui abordado por uma linda adolescente que me fizera um pedido.

-Ei Mocinho, quanto é a água?

Quando eu o atendi nos olhamos profundamente e ela me fez outra pergunta.

 -Você não é aquele garoto do cruzamento da Rebouças com a Brasil?

Não conseguimos falar mais nada um ao outro, só larguei minha caixa d’água e nos beijamos loucamente ao som do A-HÁ e fogos ao fundo. Depois disso nunca mais nos separamos.

Isso sim que é amor.stórias Maravilhosas

Não sei o que fazer agora.

Caros futuros leitores,

Há tempos, vinha pensando em abrir um canal de comunicação com pessoas que não fossem ligadas diretamente a mim e ligadas também, claro. Pensei em algo que não fosse essas redes sociais já existentes como, ORKUT, FACEBOOK ou TWITTER, pois as mesmas limitam certos assuntos que gostaria de discutir  com as pessoas acerca de vários temas, relevantes claro e as vezes irrelevantes, pois ninguém é de ferro. Essa proposta de blogger como o próprio titulo sugere é comentar de maneira Justa assuntos do nosso cotidiano de maneira simples, clara e irreverente, lógico sem banalizar e respeitando as opiniões alheias.Espero conseguir atender a essa minha expectativa e as de quem estiver me acompanhando. Será um prazer partilhar minhas opiniões com vocês.