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domingo, 3 de junho de 2012

ENQUANTO MANOELA NÃO CHEGA

Caros amigos, sempre falo em democratização das coisas, só que falar é tarefa fácildifícil mesmo é colocar algumas questões em praticas. Pensando nisso, resolvi compartilhar duas obras que possuo aqui em casa, uma delas é uma gravura feita por uma amiga chamada Gicelle Archanjo, adquirimos essa obra no ano passado e desde então passou a ser o xodó aqui da nossa sala. Outra obra que é tão bonita quanto a gravura é um texto escrito pela Andréinha, texto esse que quando li meus olhos encheram-se de lágrimas, achei lindo, emotivo, carinhoso e acima de tudo apaixonante. Como eu queria conhecer essa tal Manoela.....Vale muito a pena conferir.



Tenho uma amiga, a linda Manoela, um dia pedi que ela me fizesse uma visita em casa. No começo ficou uma coisa meio descosturada, solta, nunca chegávamos há um dia e horário que fosse bom para ambas.
Ela era tão envolvente, com seu riso, seu lindo cabelo cacheado, não tinha espaço que a pequena Manú não preenchesse ao chegar. Ela tinha brilho próprio.
Em certo tempo discutíamos sobre vestidos, filosofia, a beleza das outras mulheres, e ríamos juntas. Às vezes imaginava nós duas tomando chá ou dormindo na grama numa tarde de sol.
Mas eu imaginava demais e Manoela tardava a chegar, quando ela podia, quem não podia era eu. Ficou confuso, e nossa relação começou a tumultuar, a ficar crespa.
Sentia muito a sua falta, procurava em vão o carinho dos seus olhos, mas os outros olhares eram distantes e vazios. Chamava por Manoela, mas ela não ouvia. Resolvi então matar o tempo enquanto a esperava. Dançava sozinha na sala, fazia bolo de chocolate, costurei uma enorme colcha de retalhos, li todos os livros da minha estante, tomei toda garrafa de vinho, escrevi uma tese, dei todas as roupas velhas, revi todas as fotografias, mandei a hipocrisia dar uma volta no parque e me esquecer por uns tempos.
Mas nada satisfazia, não havia pílula, infusão, complexo vitamínico, sexo casual, chocolate ou cartão de crédito que desse jeito. O cabelo cresceu, emagreci, engordei, emagreci de novo, enlouqueci, adquiri novos hábitos, sempre pensando em como seria se fosse à companhia dela, o tempo diminuía a ansiedade, mas aumentava a angústia.
Um dia acho que ela chegou até a frente de casa, mas antes de bater ficou em silêncio, ouviu alguém chorando baixinho atrás da porta, recolheu seu pequeno punho e foi embora sem incomodar ninguém.
O tempo passava, mas a tristeza não, até o dia em que acordei com o propósito de ser feliz. Fiz um acordo com a vida que dizia:
“Manoela fique no mundo da fantasia, nesse imaginário você é linda e viável. No mundo real você é cruel.”

Por: Andréa Martinez.

3 comentários:

  1. Lindo,Andréa. Até senti a angústia e vibrei com o seu acordo com a vida. Estou precisando fazer um acordo deste, rs. Encantador. Beijo

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  2. Adorei. Consegui sentir a ansiedade e a angústia da espera. Ando necessitando fazer este acordo com a vida... Rsrs. Parabéns, Andréa. Beijo

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