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sábado, 23 de novembro de 2013

Quatro P


Político, Padre, Professor e Pesquisador Ô povo sem noção.

Dia 20 de Novembro, feriado da Consciência Negra em São Paulo e em algumas outras cidades, ao invés de ficarmos em casa e descansar, sempre tem um sem noção que acaba arrumando algum compromisso. E foi isso, reunião com essa galera às 9h00 da matina em uma Igreja da Zona Leste de São Paulo.

Até aí tudo bem, se tratando que todos os envolvidos são militantes e trabalhadores e não dispomos de muito tempo o que nos resta mesmo é trabalhar também nesses dias de feriado, enfim, coisas da vida.

Eu e meu irmão que sempre me coloca em barca furada, chegamos um pouco atrasados na reunião, cerca de uns 10 minutos, algo bem tolerável por sinal. Perdemos as apresentações afinal havia algumas personalidades que não conhecíamos.

Dentre essas figuras, compunham a conversa na respectiva ordem: um Político, um Padre, alguns Professores (meu irmão e eu) e outros dois Pesquisadores. Os quatro Ps...

Bela trupe para conversar aquela hora da manhã. Ah, tinha outros dois senhores também, só que esses não sei bem o que  faziam além da militância é claro. Pois só militantes e loucos  para se atrever a fazer reunião em feriado e cedo. Cada uma.

Bom, conversamos, escutamos a proposta, sugerimos, enfim, fomos bem civilizados até que, uma hora começamos a falar da vida alheia. Um dos pesquisadores deixou escapar que um fotógrafo deixara a batina na hora que ele colocou a hóstia na boca daquela que seria sua futura esposa. O Padre por sua vez sugeriu que deixássemos isso no arquivo morto, não sei se por corporativismo ou outra razão, só sei que assim o fez.

Essa foi uma das três que o pesquisador aprontou, cara esse totalmente sem noção, mas ótimo pesquisador. Nem todo mundo é perfeito.

A segunda foi ele começar a reclamar com o político o fato de querer ir embora. Aí o pesquisador falava:

- Porra fulano, só você em pleno feriado marca uma reunião como essa, vamos embora cara.
Detalhe, falando palavrão em alto e bom tom na Igreja e na frente do Padre.

E nós lá, entretidos no meio de um enorme arquivo vendo todo aquele material da igreja e, eu me divertindo com as presepadas do cara. Olhamos, discutimos alguns encaminhamentos e descemos para a sala do Padre para as despedidas. E é aí que vem a derradeira.

O pesquisador é claro, além de inconveniente e sem noção, também é fumante incorrigível, e essa foi a melhor.

O cara que já devia estar num desespero danado, pediu um cigarro para um dos nossos colegas da reunião. O senhor não pestanejou e gentilmente lhe cedeu e também pegou um para o seu deleite. Os dois não tiveram dúvidas, estavam acendendo cigarro dentro do Templo Religioso. Quase pegaram a vela do altar das orações para acender o bendito cigarrinho. Foi o maior barato.

Vi a cena e comecei a dar risada, pois, eu e meu irmão testemunhamos numa ocasião o Padre o anfitrião da reunião parar uma plenária em local a céu aberto para chamar  a atenção de um cara que fumava. Veja bem, nessa plenária tinha umas mil pessoas e o padre implicou, imagina se ele visse isso dentro da igreja dele. Seria o caos.

Puxamos o pesquisador e o senhor para fora da Igreja e contamos o fato dando muita risada. Os dois acharam um absurdo dizendo que o padre estava de perseguição, o senhor mais tolerante aceitou e o pesquisador espírito de porco que era, ficou fumando na escada da igreja e deixando as bitucas por lá, só para pilhar o Padre quando as visse.

Enquanto esperávamos o Político e o Padre acabarem seus assuntos, confabulamos sobre essas questões que agora não são politicamente corretas: vícios, equívocos da infância, e o começo de tudo.

Vício é assim, cada um com a sua cachaça.

O pesquisador e o senhor com os seus cigarrinhos.

Eu e meu Irmão com a militância.

O Político com a política.

E o Padre com o seu antitabagismo.


E cada um com seu cada qual.