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sábado, 24 de maio de 2014

Um estranho no ninho



Era pra ser diferente, mas infelizmente não foi. Depois de quase 104 anos de espera finalmente foi inaugurado o tão esperado estádio do Corinthians, muita badalação, alegria e emoção para um bando de loucos aficionados, bonito de se ver.

Muita expectativa.

Programado o passeio me organizei para não chegar atrasado, tínhamos combinado de nos encontrar às 14h numa estação de trem próximo de casa, eu com filho mais os irmãos corintianos. Não fui o primeiro a chegar, minha irmã e madrinha já havia chegado e estava na plataforma do trem, eu e a cria fomos os segundo a chegar e meu irmão mais másculo o terceiro.

Pronto time quase completo, só faltava agora o mais velho que portava os ingressos, dada a hora e passados uns 20 minutos do horário combinado resolvi ligar para saber do paradeiro dele com sua cria, o cara ainda se encontrava em casa. Fiquei puto da vida com pontualidade do irmão, compartilhei com os outros e ficamos a falar mal  dele enquanto o aguardava.

Passado mais alguns minutos o cara me liga dizendo que estava um baita de um trânsito e que iria a pé para o estádio, e que partíssemos para a estação e que encontrássemos a caçula mais o cunhado, foi o que fizemos. Partimos para a festa.

Chegando a estação do estádio começamos a ouvir a empolgação da torcida, trem e metrô descarregando centenas de torcedores eufóricos, gritavam, chamavam palavras de ordem, alguns chorosos, enfim, uma histeria coletiva.

Encontramos a caçula e o cunhado doente preocupado com a demora do portador dos ingressos, preocupação esta não só pelo atraso e sim com medo de perder o tão esperado jogo, o sujeito já não dormia a duas noites tamanha  ansiedade pelo jogo.

A caçula chegou até  cogitar o esquecimento dos ingressos. Imagina a pilha que a galera se encontrava.

Esperamos por mais uns minutos e finalmente chega o cara, que felicidade, não por ter visto o mais velho, mas sim por estarmos garantidos na festa. Feita a distribuição das entradas seguimos rumo à nova casa dos fanáticos.

Percorremos aqueles poucos metros que separava a estação de metrô até o estádio e no caminho eu só a observar a felicidade desse povo. Pareciam crianças ao abrir um embrulho de brinquedo tamanho à excitação dos caras.

Ouvia-se.

-Caralho, chegou à hora.

-Vai Curintia.

-Timão eooooo, timão eooo

Emoção não faltava aos alucinados, muito bom compartilhar desse momento com a galera, mesmo sendo de time adversário curti o momento, afinal sei bem o que é ter casa própria e ver alguém que se gosta adquirir uma é tão bom como se fosse nossa.

Chegamos à entrada do estádio, separamo-nos e fomos cada um ao seu respectivo assento, eu o irmão mais velho com as respectivas crias, os demais irmãos e cunhado para outro portão.

Assistimos ao jogo. Eu quietinho no meu canto, só apreciando a torcida, filho e sobrinho entrando no espírito do jogo começando até a ensaiar alguns xingamentos bem timidamente, achei aquilo o maior barato, os moleques com os seus 9 anos ensaiando seus primeiros gritos e fanatismo pelo futebol, isso com certeza valeu muito mais que aqueles passos mal dados que os jogadores deram durante o jogo. Muito bom esse momento.

Dentre esses xingamentos que os moleques aprenderam o mais engraçado era no tiro de meta do goleiro adversário.

Na hora da cobrança o estádio todo começava.

-ôooooooooooooooooooooooooooooooo.......

No chute do goleiro vinha o xingamento.

E todo mundo gritava.

-Bichaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa.......

Cada tiro de meta cobrado os moleques xingavam e rachavam o bico.

O time anfitrião tomou um gol e o placar se encerra com a primeira derrota em casa. Triste isso, mas a alegria com a nova casa era tanta que passou despercebido tal acontecimento.

Final de jogo, cada um pega seu rumo pra casa e leva consigo não a derrota e sim a conquista pela bela e tão esperada casa.

Parabéns ao time pela bela conquista.


E viva a esportividade.